A SUPERVISÃO E A AÇÃO DIALÓGICA
O presente texto constitui uma abordagem da
importância do diálogo tanto na prática docente quanto na prática do supervisor
escolar, na busca da qualidade da educação, e consta de um breve relato
histórico do papel do supervisor no Brasil, bem como o posicionamento de alguns
autores sobre o desenvolvimento de uma ação dialógica no âmbito escolar.
Para
compreender a importância do diálogo na prática do supervisor é necessário
inicialmente entender o seu papel no interior das escolas ao longo dos anos.
O
supervisor escolar surge como um fiscal do trabalho pedagógico. Hoje, diante da
dialética sobre o papel do supervisor escolar, entende-se que o supervisor é um
orientador, um formador de formadores, e portanto, precisa garantir a formação
continuada dos professores. Partindo desse pressuposto, entende-se que a
supervisão escolar precisa ser uma ação
dialógica, baseada numa proposta
democrática de educação, considerando que o diálogo é fundamental no processo
ensino-aprendizagem e que a ação do supervisor deve contribuir de maneira
eficaz nesse processo.
Baseado
nas suas experiências como educador, Paulo Freire afirma que o homem é um ser
de relações, um ser inacabado, transcendente e histórico. É um ser de relações
porque está no mundo e com o mundo; é inacabado, pois é incompleto e se
humaniza na sua relação com o mundo; é transcendente porque é capaz de perceber
o infinito e ligar-se ao Criador numa relação libertadora; e é histórico porque
pode perceber o passado, o presente e o futuro. É a partir desse ponto de vista
que Paulo Freire reforça a tese de que o ser humano aprende a partir de objetos
da sua vivência, a partir das relações que mantém com o mundo e com as pessoas
à sua volta, numa relação dialógica de constantes trocas de experiências.
Assim, pode-se afirmar que é desse
processo de relações que decorre a
educação e, consequentemente, a
construção do conhecimento pelo próprio sujeito. Ele ressalta que o professor
precisa descobrir no aluno o que ele já sabe e a partir de então partir para a
problematização e a construção de novos saberes.
De
acordo com Paulo Freire ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho. As
pessoas se educam em conjunto numa relação dialógica de constante troca de
conhecimentos. Isso implica dizer que , no processo educativo, o educador deve
utilizar-se do diálogo como instrumento de interação, onde todos possam expor
suas experiências, sua visão de mundo e a do outro, proporcionando situações de
reflexão sobre a realidade.
É
importante salientar que a prática pedagógica baseada no diálogo, que parte das
experiências do educando, configura um
ensino horizontal e não vertical, onde todos têm oportunidade de refletir e
compreender a realidade que os cerca. Constitui uma prática emancipadora de
educação.
Para
Terezinha Azeredo Rios, a educação é a construção da humanidade, é o processo
contínuo de partilha e socialização da cultura e é competência não só da
escola, mas também da família, da igreja e da sociedade. Porém, a escola é
responsável pela socialização da cultura de forma sistemática. Assim como Paulo freire, ela ressalta a
necessidade de educar para liberdade, para possibilidade de uma participação
ativa junto com o outro e aponta as quatro dimensões que envolvem a prática
pedagógica:
-dimensão técnica; refere-se ao conhecimento que o
professor possui na sua área de ensino;
-dimensão estética; está relacionada à
sensibilidade, à relação professor-aluno;
-dimensão política; diz respeito à tomada de decisão
perante à sociedade;
-dimensão ética; é a responsabilidade que o
professor tem ao socializar a cultura construir o bem comum;
Essas quatro dimensões precisam estar articuladas
para um trabalho eficaz, de bons resultados na busca do bem comum, na busca do
exercício da cidadania.
Nesse
contexto, o que se pode concluir é que processo educativo é um processo
contínuo e que se efetiva em conjunto, sobretudo no âmbito escolar, e que o
supervisor exerce um papel fundamental, pois é ele o responsável por estimular
os professores no desenvolvimento de sua prática, bem como garantir-lhe a
formação continuada, numa relação dialógica, onde todos exponham suas
experiências e, compartilhando com os demais membros do grupo. Isso implica
educar para a cidadania.
Cleidinalva A. da C.
Nascimento
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